segunda-feira, dezembro 17, 2007

no limiar do infortúnio
recortava lembranças
abandonando-as ao léu
para então gargalhar
alimentado pelo desespero

terça-feira, novembro 20, 2007

atravessando o silêncio
rua após rua
encontrava janelas fechadas
desabrigadas pela solidão

segunda-feira, novembro 05, 2007

feito de traços e sobras
de cores e vozes
debaixo dos sonhos
sobrevive um amanhã

terça-feira, outubro 16, 2007

numa tarde perto do fim
andorinhas aninham
restos de memórias
que não couberam no sol

sábado, outubro 06, 2007

soube você?
aqui esteve
e não deixou rastro
algum

domingo, setembro 23, 2007

eis: a vida
seria minha, no que passou
só que chegamos tarde, eu e os demais
depois: silêncio.

quarta-feira, setembro 12, 2007

não há sentimento que caiba
no limiar do abandono
nem ilusão que baste
às entranhas do que ficou

sexta-feira, agosto 24, 2007

sussurro costurado aos ossos
é isso, a imaginação
de quem olha àquele homem na janela, desmemoriado
e só.

segunda-feira, agosto 13, 2007

descaminharei
por outras andanças
frágil ausência
porque longe de ti

domingo, julho 29, 2007

bebemo-nos
dos erros
nus
até
os ossos.

quarta-feira, julho 11, 2007

o que resta de
nós
migalhas desses
nós
é o que somos
quando somamos
o eu ao tu
e continuamos
sós

domingo, junho 24, 2007

o som do nascente
nas cores desse adeus
é paisagem que fica
na felicidade que se esvai

segunda-feira, junho 04, 2007

sangro a madrugada
num grito oco
na pele arranhada
suma de mim.

quinta-feira, maio 24, 2007

descrevo
inúteis imagens
no esvaziamento
de mim mesmo

sábado, maio 12, 2007

arrefecia
às margens do rio
mergulhado em estrelas,
limiar da solidão

sexta-feira, abril 06, 2007

quando escasso
poluo palavras
pinto poesias
ao inverso

sábado, março 17, 2007

talvez seja tarde
esse azul que do céu
se desfez em teus olhos
nus.

terça-feira, fevereiro 20, 2007

a escassez do teu céu
sonhou-te
escapar ao arrebol

terça-feira, fevereiro 06, 2007

atravesso cores
antes não visitadas:
é a crueza da noite
descoberto o frio

terça-feira, janeiro 30, 2007

destranque aquela gaveta
retire as palavras que foram esquecidas
sobreponha-as aos teus olhos de menino descalço
mais uma pirueta e serás poesia

segunda-feira, janeiro 15, 2007

um grito
fez-se estrela
alcançando
o infinito